terça-feira, 13 de agosto de 2013

Educação em greve a partir de hoje Publicação: 13 de Agosto de 2013 às 00:00

Roberto Lucena Ricélia Santiago - repórteres

Os professores da rede estadual de ensino decretaram  greve por tempo indeterminado em assembleia realizada ontem na Escola Estadual Winston Churchill, no centro da Cidade. Segundo o Sindicato dos Trabalhadores em Educação (Sinte/RN),  o motivo da paralisação é a frustração nas negociações com o Governo do Estado. A pauta de reivindicações tem nove pontos, dentre eles o pagamento das horas de trabalho excedentes aos professores, o pagamento das gratificações dos diretores e vice-diretores (cortadas no mês de julho) e a melhoria na infraestrutura das escolas. Enquanto a assembleia da categoria acontecia, a secretária estadual de Educação, Betânia Ramalho anunciou, em entrevista coletiva, que o Governo vai pedir a ilegalidade da greve e  cortar o ponto dos professores que aderirem à paralisação a partir desta terça-feira (13).
vlademir alexandreProfessores aprovaram greve por tempo indeterminado em assembleia geral realizada na manhã de ontem no Winston ChurchillProfessores aprovaram greve por tempo indeterminado em assembleia geral realizada na manhã de ontem no Winston Churchill

Para Betânia Ramalho, a greve tem outros interesses: “Tenho certeza que essa é uma greve oportunista, deflagrada por razões  políticas e por isso vamos cortar imediatamente os pontos dos professores que aderirem ao movimento. Além disso, vamos acionar a Justiça com um pedido de ilegalidade”, afirma a secretária.

Para a professora Fátima Cardoso, a Secretária tem uma postura autoritária: “a lei diz que quando frustrada uma negociação o direito de greve deve ser exercido. Por isso lamentamos que a secretária Betânia já esteja fazendo tal abordagem sem antes sequer dialogar com a categoria”, diz a sindicalista.

Segundo Betânia Ramalho, o verdadeiro motivo da paralisação é a defesa das cessões de 46 servidores do Sinte, que foram convocados a retornar às salas de aula por recomendação do Ministério Público. Os servidores tiveram os pontos cortados desde julho e, além disso, enfrentam processos administrativos por abandono de cargo.

O Sinte solicitou ao Tribunal de Justiça a suspensão da ação administrativa que decretava a apresentação dos professores à Seec. O pedido, no entanto, foi indeferido. A presidente do Sinte/RN ainda contesta os números da Secretaria de Educação e diz que os professores convocados já se apresentaram. “Na verdade, foram 20 professores que trabalhavam no Sindicato e que ela (Betânia Ramalho) cortou. Esses professores já não atuam mais no sindicato”, afirma.

A sindicalista recebeu as declarações da secretária e disse que a  greve não é por razões políticas e sim por condições básicas de infraestrutura e pelo cumprimento dos direitos dos professores. “Não vai ser esse tipo de discurso que vai impressionar a sociedade, pois a população sabe muito bem que as escolas públicas estão completamente sucateadas. Esse governo está levando os serviços públicos ao colapso”, assevera.

“Visitamos 306 escolas em todo o Estado e constatamos que 94%  delas estão com a estrutura comprometida, algumas seriamente ameaçadas de desabamento. Não há condições de trabalho”, garante Fátima Cardoso.  A sindicalista afirmou que a secretária precisa visitar pessoalmente as escolas estaduais para saber o que está acontecendo: “Ela deveria ir na  Escola Estadual Barão do Mipibu, onde o teto desabou em duas salas de aula”, desafia.

A entidade e a Seec estão em ‘pé de guerra’. Recentemente, a Secretaria divulgou que  o Sinte-RN atua “na ilegalidade” há mais de 20 anos, por não ter registro sindical. Fátima Cardoso rebate: “ilegal é o Governo que não cumpre a decisão do Supremo Tribunal Federal para que as horas extras dos professores sejam pagas”. O sindicato entrou com um pedido de bloqueio de R$ 17 milhões para que haja a efetivação do pagamento e aguarda a decisão da Justiça.


Nenhum comentário:

Postar um comentário